“O amor da
gente é como um grão / Uma semente de ilusão / Tem que morrer pra germinar /
Plantar nalgum lugar / Ressuscitar no chão / Nossa semeadura / Quem poderá
fazer aquele /amor morrer / (...)”.
Milhões
de brasileiros viveram dia 02 de outubro experiência democrática restrita. Seu
voto elegeu prefeitos e vereadores e levou ao segundo turno os postulantes ao
cargo de principal gestor em muitos municípios.
O
processo eleitoral possibilita, em tese, o debate e as diferenças reais, entre
os candidatos, tornam a eleição muito relevante. Mas só os muito ingênuos
engolem o velho slogan que viveremos a “festa
da democracia”, estamos longe disso, especialmente enquanto a comunicação
no país for controlada por um grupo restrito de famílias, enquanto houver
interferência dissimulada no processo eleitoral através da TV, da rádio, das
revistas e dos jornais.
Em 2014, apesar da vitória de Dilma nos
dois turnos e da vitória do PCdoB no Maranhão (que impôs derrota acachapante ao
candidato do clã Sarney); apesar da vitória do PT na Bahia em 1º turno (fato eu
desmoralizou os institutos de pesquisa que indicavam que o petista não teria
mais que 20% dos votos), a esquerda colheu, especialmente no estado de São
Paulo, derrota histórica e constrangedora.
O PT e o PCdoB no estado de São Paulo
não foram exatamente “varridos do mapa”
naquelas eleições, mas a votação expressiva de Aécio Neves no estado, quase 11
milhões de votos, contra pouco mais de 5 milhões de votos dados à presidente
Dilma, a diminuição significativa da bancada de esquerda na Câmara dos
Deputados, a perda de uma cadeira no Senado, perda de cadeiras na Assembleia
Legislativa e o desempenho sofrível de Alexandre Padilha, candidato do estado,
ao governo representaram derrota que mereceria reflexão, o que não aconteceu.
As eleições de 2014 desnudaram fato que
já era de nosso conhecimento: a classe média urbana que sempre apoiou a
esquerda não a vê mais como sua representante.
E em 2016? O que as urnas disseram à
esquerda?
Bem, penso que a derrota da esquerda
foi ainda maior que a de 2014, foi devastadora; só PT perdeu mais da metade das
prefeituras que possuía, perdeu a prefeitura de São Paulo...
Esse fato exigirá que as “certezas” do PT, PCdoB, PSOL, PDT,
esquerda do PMDB, setores progressistas e patriotas do PSB sejam substituídas
pela busca da unidade, exigirá que essas legendas olhem para a Frente Brasil
Popular – FBP como um espaço fundamental de defesa e afirmação de um projeto
progressista e social-desenvolvimentista e, ao olhar como honestidade para a
FBP nossos lideres, os sobreviventes ao festival de erros.
E talvez, como na poesia de Gilberto
Gil, a esquerda, assim como o amor, tenha de morrer pra germinar noutro lugar,
afinal quem poderá fazer o nosso amor pelo justo e pelo humano morrer?
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