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Na ONU a presidenta baliza os fundamentos da política externa brasileira

Compartilho com os amigos do blog esse belo artigo de Joana Saragoça publicado no blog http://www.zedirceu.com.br/

by Joana Saragoça
Foi um dos mais afirmativos de nossa diplomacia nos últimos tempos o discurso feito hoje pela presidenta Dilma Rousseff, em Nova York, na abertura da 69ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. A presidenta relembrou aos lideres dos quase 200 países membros da ONU as conquistas do Brasil dos últimos anos e a nova posição em política externa e a projeção alcançada pelo país no sistema internacional.

Preocupada com a economia mundial e com a funcionalidade da maior organização multilateral mundial, a presidenta Dilma alertou  para importância da participação dos países em desenvolvimento também nos fóruns econômicos internacionais. Ela cobrou, ainda, um Conselho de Segurança permanente da ONU mais ampliado, para que seja mais representativo e legitimo, e que consiga efetivamente ajudar na superação dos conflitos mundiais de toda natureza.
Ao fim de seu pronunciamento, a chefe do Estado brasileiro colocou a disposição, determinação  e esforço do Brasil, sempre permanentes, para para contribuir com a construção de uma ordem internacional mais coerente com a promoção da paz, o desenvolvimento sustentável, e a redução da pobreza e das desigualdades de toda ordem.
Apesar do importante pronunciamento da presidenta,  dizer como fazem e interpretam alguns, que a política externa do governo Dilma é diferenciada só porque ela foi a abertura de todas as assembleias gerais anuais da ONU é “forçar a barra”. Até porque, vejam bem, é tradição do Brasil, de seu chefe de Estado ou de Governo (o país viveu sob sistema parlamentarista de setembro de 1961 a janeiro de 1963), ou de um seu representante diplomático, abrir a Assembleia Geral anual há 67 anos – desde a de 1947, aberta pelo então chanceler do governo do presidente Eurico Gaspar Dutra.
Representante do Brasil abre Assembleia Geral da ONU desde 1947
Do ponto de vista simbólico a presença da presidenta na abertura das assembleias gerais da ONU é sim muito interessante, porque mostra o esforço do Brasil de afirmar sua importância no cenário intencional.  Mostra que a política externa deixou de ser assunto de chanceleres e que o Brasil entendeu a importância do papel do presidente/a – ou da diplomacia presidencial – para se fazer política intencional.
Agora, sem nenhuma desqualificação, a presença da presidente/a da República nas cúpulas e demais encontros internacionais – uma constante na ação de política externa da presidenta Dilma – é sim muito importante, mas o projeto petista de relações internacionais é muito maior que isso.
Muito mais amplo do que isso a que querem reduzi-lo seus críticos – inclusive os presidenciáveis da primavera deste ano – quando insistem em chama-lo de “partidário” ou “ideológico”. Querem restringir, circunscrever nossa diplomacia e projeto de política externa à aliança que firmamos com parceiros continentais pelos quais, eles sim por motivos ideológicos, não têm simpatias.
Eles, sim, falham ao ao analisar nossa política externa, o projeto de política externa e falham, também, ao analisar o atual cenário mundial. Concebem um mundo onde as únicas alternativas viáveis de aproximação vantajosa política, diplomática, econômica são os Estados Unidos e a Europa. Para eles não existe mundo nem parceiros além destes. Não percebem que o mundo mudou e uma política externa conservadora não é mais a melhor opção para o Brasil.
Governos do PT priorizam integração regional, relações Sul-Sul
Por isso o governo Dilma – seguindo o exemplo do governo Lula – escolheu utilizar outra estratégia de inserção internacional. A escolha foi priorizar a integração regional e a cooperação Sul-Sul, uma vez que o mundo está cada vez mais próximo de uma ordem multipolar. Foi essa escolha que redefiniu o local do Brasil nesse novo cenário mundial.
Nessas novas relações o tamanho do Brasil – populacional e econômico- ganhou uma nova dimensão que nos colocou em outro patamar de responsabilidade. E se queremos ser um ator de primeira linha na arena internacional devemos aceitá-la e, mais que isso, temos obrigação de cumprir essa responsabilidade zelando pela América Latina e pelos demais países que nos tenham como referência  para garantir a paz, a democracia e a estabilidade econômica e política.
A integração regional foi escolhida pelo governo Dilma como caminho fundamental para o crescimento do nosso mercado continental e interno, da nossa economia e desenvolvimento. E, é claro, para a alavancagem desse novo papel de protagonismo do país. Além disso, uma América Latina unida e prospera tem muito a colaborar para formação de um melhor e mais funcional sistema multipolar.
Diplomacia petista ampliou horizontes de diálogo externo do país
Que ninguém esqueça que a relação com os países em desenvolvimento também vem sendo aprofundada durante os anos do PT no governo, o que aumentou nosso horizonte de diálogo. Hoje temos novo patamar de relações com a África e a Ásia. Inclusive foi essa política que nos fez estreitar relações com grades mercados como a Índia e a China – esta nosso maior parceiro comercial hoje.
Dessa forma a política externa dos governos petistas prova que ela sim consegue enxergar a nova geopolítica do mundo. Com números. Por isso, em 12 anos, conseguimos um aumento de 400% no comércio exterior. O MERCOSUL, entre 2003 e 2013, teve uma expansão de 300% no comércio, enquanto no resto do mundo esse crescimento foi de 180%.
Então, sinto muito, mas considerar uma política externa como essa exclusivamente de “ideológica” e “partidária”, e não também pragmática, sensata e de resultados para país, é mesmo “forçar a barra”. A política externa do governo Dilma Rousseff é eficiente, sim, por ser coerente e contemporânea com o que lhe exige o mundo atual.

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