Pular para o conteúdo principal

Mas você é comunista mesmo?


Esse artigo escrevo para responder à questão que meu querido amigo Biléo Soares, dentre outros, fez e faz de maneira recorrente. Biléo é hoje vereador em Campinas, mas antes é personalidade das mais admiradas e admiráveis, um ser humano impar que a vida e a sorte -força divina reguladora dos acasos - me presentearam à convivência afetiva válida e eterna.
A questão formulada pelo amigo é a seguinte: “Mas você, nosso querido Pedrinho PT, está fazendo o que no PCdoB? Você é comunista mesmo?”.
Muitos amigos, especialmente aqueles com quem convivi nos anos de movimento estudantil secundarista e na universidade ainda me vêem como “petista”, e muitos ainda lembram-se do apelido conquistado na faculdade “Pedrinho PT”. Fui ligado e depois filiado ao PT de 1980 a 1991 e depois retornei em 2002 e lá permaneci até 2006, mas nunca tive oportunidade de participar da direção partidária, experiência que adquiri no PSB onde fui membro das executivas municipal e estadual e do Diretório Nacional, uma época que convivi com gente muito interessante e importante, do quilate de Miguel Arraes, Roberto Amaral, Jamil Haddad, Carlos Siqueira, João Capiberibe, Raquel Capiberine, Rodrigo Rollemberg, José Paulo Bisol, Leopoldo Paulino, dentre outros tantos.
Bem, perdi um pouco o rumo e a fé na ação política antes de me filiar ao PCdoB em 2007 e tenho procurado contribuir da forma que posso com um partido que completará noventa anos em breve e que merece nosso carinho e respeito.
Mas para responder com honestidade à questão formulada vou plagiar o ex-prefeito Jacó Bittar e o Padre Milton Santana.
Na época em que desfiliou-se do PT Jacó chegou a afirmar à revista Teoria&Debate “ser petista filiado é mera formalidade, serei sempre petista”, essa é a resposta que posso dar e meu sentimento mais verdadeiro Biléo...
E, como disse o Padre Milton Santana depois de apanhar muito dos vassalos e torturadores a serviços do Golpe de 64: “se ser comunista é acreditar que todos os seres humanos têm direito a pão, moradia, trabalho e felicidade então eu sou comunista”.
Mas o PCdoB é para mim mais que um campo de conforto ou um pouso transitório.
Acredito que, mesmo divergindo de alguns aspectos substantivos e de algumas questões de método, o PCdoB tem e terá um papel importante na sociedade como um todo. Por quê? Porque o PCdoB mantém os sonhos e o desejo, utópico para muitos, de seguir construindo uma sociedade de cidadãos plenos (e não apenas de bons consumidores) e porque o PCdoB é um ente coletivo de sociedade extremamente democrático, que respeita a diversidade, o pluralismo político e convive, como eu, num mar de dúvidas sobre qual o melhor caminho, mas sem perder de vista o objetivo principal, que é uma sociedade onde impere a Justiça Social, a defesa intransigente da Democracia e do Bem-comum.
O Padre Milton (pároco da Igreja Nossa Senhora de Fátima no Taquaral que realizou o casamento dos meus avós e dos meus pais, assim como os batizados, meu e de minhas irmãs) e Jacó Bittar, me ajudaram a responder a questão.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A BANDA DE MUSICA DA UDN

A BANDA DE MUSICA da UDN foi apropriada por setores do PSDB, aguardemos, mas penso que não vão sequer mudar o repertório.  Para quem não lembra a  A  banda de música  da  União Democrática Nacional  foi um grupo de oradores parlamentares à época da constituição brasileira de  1946  até  64 , arrogantes, conservadores e conhecidos por fustigarem os sucessivos governos do  Partido Social Democrático  e do  Partido Trabalhista Brasileiro , ou seja, foram oposição a GETULIO, JK e JANGO. Seus nomes mais notáveis foram  Carlos Lacerda ,  Afonso Arinos de Melo Franco ,  Adauto Lúcio Cardoso ,  Olavo Bilac Pinto ,  José Bonifácio Lafayette de Andrada ,  Aliomar Baleeiro  e  Prado Kelly  .

Convalidação de atos administrativos

O Princípio da Legalidade é o princípio capital para configuração do regime jurídico administrativo, enquanto o Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o interesse privado é da essência de qualquer Estado, de qualquer sociedade juridicamente organizada com fins políticos. E por não ter observado esse conceito e um Decreto Municipal o jovem ex-Diretor de Cultura de Campinas Gabriel Rapassi foi sumariamente exonerado e a autorização por ele expedida para que o circo Le Cirque apresentasse seus espetáculos na “Praça Arautos da Paz” invalidada pelo Secretário de Cultura Bruno Ribeiro. Penso que a exoneração foi acertada, mas a invalidação da autorização foi um erro. Em razão disso (i) a companhia circense acabou notificada a desocupar a praça, mesmo já estando lá instalada e em vias de dar iniciam aos espetáculos, (ii) a cidade ficou sem essa possibilidade de entretenimento e (iii) o dono do Circo, provavelmente patrocinado por interesses nada republicanos ou democráticos, p

SOBRE PERIGOSO ESTADO MINIMO

O governo Temer trouxe de volta a pauta neoliberal, propostas e ideias derrotadas nas urnas em 2002, 2006, 2010 e 2014. Esse é o fato. Com a reintrodução da agenda neoliberal a crença cega no tal Estado Mínimo voltou a ser professada, sem qualquer constrangimento e com apoio ostensivo da mídia corporativa. Penso que a volta das certezas que envolvem Estado mínimo, num país que ao longo da História não levou aos cidadãos o mínimo de Estado, é apenas um dos retrocessos do projeto neoliberal e anti-desenvolvimentista de Temer, pois não há nada mais velho e antissocial do que o enganoso “culto da austeridade”, remédio clássico seguido no Brasil dos anos de 1990 e aplicado na Europa desde 2008 com resultados catastróficos. Para fundamentar a reflexão e a critica é necessário recuperarmos os fundamentos e princípios constitucionais que regem a Ordem Econômica, especialmente para acalmar o embate beligerante desnecessário, mas sempre presente. A qual embate me refiro? Me ref