Pular para o conteúdo principal

OS MILICIANOS DA NEO-UDN.

Há um belissimo artigo do Professor Jeffrey Sachs chamado “Ingovernável orçamento americano” que deveria ser lido por todos, deveria ser debatido e divulgado. Por quê? Porque é um artigo honesto, uma opinião honesta, sobre um tema que os “especialistas” Carlos Alberto Sardenberg e Mirian Leitão têm escrito e falado sem a mesma honestidade, qual seja: o orçamento público.

Jeffrey Sachs é professor de Economia e diretor do Instituto Terra na Universidade Colúmbia, é também é conselheiro especial do secretário-geral da ONU para as Metas do Milênio.

Sachs afirma que “o coração de qualquer governo está em seu orçamento” e que sem um orçamento adequado não há política pública nem Estado. E seria pro falta de um orçamento adequado que nos EUA há muitos discursos e pouca política pública.



O Presidente Barack Obama vive dilema próprio daquele pais, pois seus adversários do Partido Republicano (a turma o Busch) querem menos impostos e todos sabem que sem mais impostos, não será possível manter uma economia americana moderna e competitiva. Num discurso recente sobre Estado e a União Obama acertadamente enfatizou que a competitividade no mundo atual depende de uma força de trabalho instruída e infraestrutura moderna dai a necessidade de um orçamento justo e capaz de manter o Estado no protagonismo das políticas públicas transformadoras.



Mas Carlos Alberto Sardenberg e Mirian Leitão, militantes da neo-UND brasileira, representada pelo PSDB, recitam a cantinela neoliberal, a mesma que praticamente quebrou os EUA em 2008. Para os mais jovens vale recordar que a União Democrática Nacional (UDN) foi um partido político brasileiro fundado em 7 de abril de 1945, frontalmente opositor às políticas e à figura de Getúlio Vargas e de orientação conservadora.

Concorreu às eleições presidenciais de 1945, 1950, e de 1955 postulando o brigadeiro Eduardo Gomes nas duas primeiras e o general Juarez Távora na última, perdendo nas três ocasiões. Em 1960 apoiou Jânio Quadros (que não era filiado à UDN), obtendo assim uma vitória histórica.

Seu principal rival nas urnas era o Partido Social Democrático. Até as eleições parlamentares de 1962 a UDN era a segunda maior bancada do Congresso Nacional, atrás apenas da bancada pessedista. Mas em 1962, o Partido Trabalhista Brasileiro tomou este segundo lugar da UDN. Como todos os demais partidos, a UDN foi extinta pelo governo militar que assumiu o poder em 1964.

Entretanto, após o Golpe Militar de 1964, muitos quadros da UDN migraram para a Aliança Renovadora Nacional. A ltragetória é: UDN, ARENA, PDS, PFL, DEM, estes dois últimos aliados do PSDB, partido da preferência dos “especialistas” citados.

Sardenberg e Leitão têm um papel claro no jornalismo brasileiro: representam a visão de mundo da velha UDN, do Partido Republicano americano e por isso não tem constrangimento em mentir aos ouvintes e leitores, tenho certeza que eles sabem que para qualquer pais manter e elevar o padrão de vida de seus cidadãos não basta apenas as forças do mercado, não basta apenas a sua competitividade em capacitação avançada, tecnologias de ponta e infraestrutura moderna, é necessário um Estado que tenha capacidade de fazer o que o artigo 173 e 174 da nossa Constituição orienta é necessário um povo. O Estado não existe para servir às regras do mercado, mas ao seu povo.

Essa é a lógica válida.

É por isso que Obama defendeu um aumento do investimento público americano em três áreas: educação, ciência e tecnologia e infraestrutura (inclusive internet de banda larga, transporte ferroviário rápido, e energia limpa), e não ouvi nem li criticas dos milicianos da neo-UDN.

Pensar moderno é acreditar e praticar que o crescimento no futuro dar-se-á com investimentos públicos e privados, de forma complementar, pilares apoiando-se mutuamente.

Há muito que se falar e escrever, mas não há espaço. Mas não se pode esquecer que as conseqüências econômicas e sociais de uma geração de cortes de impostos são claras. Os EUA estão perdendo sua competitividade internacional, negligenciando seus pobres, como estupidamente sugeriu FHC em seu ultimo e infeliz artigo, tanto que uma em cada cinco crianças americanas está aprisionada na pobreza, legando uma montanha de endividamento para seus jovens.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A BANDA DE MUSICA DA UDN

A BANDA DE MUSICA da UDN foi apropriada por setores do PSDB, aguardemos, mas penso que não vão sequer mudar o repertório.  Para quem não lembra a  A  banda de música  da  União Democrática Nacional  foi um grupo de oradores parlamentares à época da constituição brasileira de  1946  até  64 , arrogantes, conservadores e conhecidos por fustigarem os sucessivos governos do  Partido Social Democrático  e do  Partido Trabalhista Brasileiro , ou seja, foram oposição a GETULIO, JK e JANGO. Seus nomes mais notáveis foram  Carlos Lacerda ,  Afonso Arinos de Melo Franco ,  Adauto Lúcio Cardoso ,  Olavo Bilac Pinto ,  José Bonifácio Lafayette de Andrada ,  Aliomar Baleeiro  e  Prado Kelly  .

Convalidação de atos administrativos

O Princípio da Legalidade é o princípio capital para configuração do regime jurídico administrativo, enquanto o Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o interesse privado é da essência de qualquer Estado, de qualquer sociedade juridicamente organizada com fins políticos. E por não ter observado esse conceito e um Decreto Municipal o jovem ex-Diretor de Cultura de Campinas Gabriel Rapassi foi sumariamente exonerado e a autorização por ele expedida para que o circo Le Cirque apresentasse seus espetáculos na “Praça Arautos da Paz” invalidada pelo Secretário de Cultura Bruno Ribeiro. Penso que a exoneração foi acertada, mas a invalidação da autorização foi um erro. Em razão disso (i) a companhia circense acabou notificada a desocupar a praça, mesmo já estando lá instalada e em vias de dar iniciam aos espetáculos, (ii) a cidade ficou sem essa possibilidade de entretenimento e (iii) o dono do Circo, provavelmente patrocinado por interesses nada republicanos ou democráticos, p

SOBRE PERIGOSO ESTADO MINIMO

O governo Temer trouxe de volta a pauta neoliberal, propostas e ideias derrotadas nas urnas em 2002, 2006, 2010 e 2014. Esse é o fato. Com a reintrodução da agenda neoliberal a crença cega no tal Estado Mínimo voltou a ser professada, sem qualquer constrangimento e com apoio ostensivo da mídia corporativa. Penso que a volta das certezas que envolvem Estado mínimo, num país que ao longo da História não levou aos cidadãos o mínimo de Estado, é apenas um dos retrocessos do projeto neoliberal e anti-desenvolvimentista de Temer, pois não há nada mais velho e antissocial do que o enganoso “culto da austeridade”, remédio clássico seguido no Brasil dos anos de 1990 e aplicado na Europa desde 2008 com resultados catastróficos. Para fundamentar a reflexão e a critica é necessário recuperarmos os fundamentos e princípios constitucionais que regem a Ordem Econômica, especialmente para acalmar o embate beligerante desnecessário, mas sempre presente. A qual embate me refiro? Me ref